Calorões, desanimo e indisposição, flacidez e rugas na pele, ressecamento vaginal, queda de libido, aumento na incidencia de infecções urinárias, osteoporose, insônia, dores articulares.. esses são apenas (pasmem) alguns sinais e sintomas da menopausa – o período em que a mulher para de menstruar devido a queda na produção dos seus hormônios.

Mas então por que muitas mulheres preferem não fazer a reposição hormonal, causando todas essas queixas?

“Ah Dr., mas pode dar câncer e trombose, né?”

Aí que muita gente se engana. Eu já falei um pouco sobre por que existe esse mito em relação a reposição hormonal nesse post, desmistificando a associação com câncer, e hoje eu quero mostrar para você que a reposição não só melhora essas queixas do inicio do post, como também vai prevenir doenças, diminuir a mortalidade e aumentar sua expectativa de vida. 

Reposição hormonal na Mulher (menopausa)

Menopausa é o evento normal da vida mulher em que ocorre a suspensão definitiva da menstruação. A partir desse momento os ovários param de produzir os hormônios do ciclo menstrual, estrogênios e a progesterona. E temos que pensar – devemos repor esses hormônios ou não?

Benefícios da reposição hormonal

Então hoje vamos falar mais sobre o beneficio da reposição hormonal na prevenção de doenças, ou seja, para mostrar que é um tratamento que pode te beneficiar não apenas nas queixas, mas para uma vida mais saudável e mais longa.

Se começada dentro de 10 anos após a menopausa, a reposição REDUZ a taxa de mortalidade e também o risco de doenças cardiovasculares, osteoporose e demências!

Risco de infarto, AVC e trombose com reposição hormonal

Uma meta-analise (a revisão cientifica com maior grau de evidencia) encontrou que em mulheres iniciando reposição hormonal com menos de 60 anos e/ou menos de 10 anos após a menopausa, o risco cardiovascular foi reduzido pela metade (!!!), e a mortalidade por todas as causas em 30%. Em contraste, mulheres iniciando a reposicao com mais de 60 ou mais de 10 anos após a menopausa, reposição hormonal nao teve efeito em doenças cardiovasculares ou mortalidade.

Precisamos avaliar o metodo usado para a reposição – os estudos mostraram que o uso de estradiol em gel/creme transdérmico (o hormônio conhecido como bioidêntico, isomolecular, o mesmo produzido pelo seu corpo, em método de reposição mais fisiológico, sem a primeira passagem no fígado das medicações via oral) apresentou menor risco de doenças cardiovasculares e trombose comparado ao estradiol em cápsulas para uso via oral e a estrógenos conjugados equinos.

Prevenção de fraturas

Você provavelmente sabe do risco de osteoporose e consequentemente fraturas na menopausa, mas sabe como a reposição diminui esse risco?

Nos pacientes em que foi utilizada a reposição, houve uma redução de 33% no risco de fratura de quadril, o desfecho mais catastrófico da osteoporose. Redução no risco de fraturas vertebrais por até 36% e de fraturas gerais por 25%!

Demências

Sabemos que um dos principais locais de ação do estradiol é nos neurônios – prevenindo a degeneração neuronal.

Vários grandes estudos observacionais encontraram que a reposição foi associada com redução no risco de Alzheimer e outras demencias.

Câncer na reposição hormonal

Quando perguntados, tanto mulheres como profissionais de saúde colocam o cancer de mama como principal preocupação para realizar reposição hormonal. Entenda: temos estudos mostrando tanto aumento como diminuição no risco de câncer. Isso vai depender da forma de reposição hormonal, dose e duração do uso.

Isso mesmo: se você fizer a reposição hormonal da maneira correta, vai diminuir seu risco de câncer.

Na prática, os estudos mostram um aumento de câncer com uso de progestinas sintéticas – ou seja, medicações derivadas da progesterona que não agem da mesma maneira nos receptores como o hormônio natural, a própria progesterona, produzida pelo seu corpo em grande quantidade antes da menopausa.

Pense em uma chave (hormônio) tentando abrir uma fechadura (receptor hormonal). A fechadura é especifica para apenas um tipo de chave, e qualquer mudança nesta não abrir a porta de maneira adequada. Com os hormônios é a mesma coisa: não usou o hormônio natural, você vai ter problemas.

Estradiol com Medroxiprogesterona acetato (sintético) – aumento de proliferação celular lobular em 194% e proliferação ductal em 544% contra placebo.

Estradiol com Progesterona micronizada (natural) – não alterou proliferação em células mamarias comparado ao placebo.

Quando avaliado o risco de câncer de mama com estradiol sozinho na reposição, houve um aumento em 1,29 vezes. Mas usando progesterona micronizada junto o risco relativo foi de 1 – ou seja, sem qualquer aumento. Na verdade temos até estudos mostrando redução no risco com essa combinação.

Também não existe motivo para colocar um limite na duração da reposição, devendo ser avaliado continuamente o risco e benefício de cada mulher que esteja utilizando os hormônios.

Então, Reposição Hormonal é perigosa ou não?

O estrogênio tem efeitos metabólicos importantes nos nossos principais órgãos. Normaliza o ambiente vaginal e uretral, diminuindo risco de infecções gênito-urinárias, melhorando lubrificação vaginal, influencia positivamente o fluxo sanguineo arterial e a aterosclerose, melhora perfil lipídico, reduz risco de diabetes, ajuda a prevenir a perda óssea e osteoporose e mantém a saude dos nossos neurônios no sistema nervoso central.

A fuga da reposição hormonal aumentou o uso de medicações para prevenir ou tratar efeitos causados simplesmente pela queda dos hormônios.

Estatinas são as medicações que diminuem colesterol dadas para prevenir doenças coronarianas. Bifosfonados para tratar osteoporose. Antidepressivos para os calorões.

Mas NENHUM desses tem um aspecto fisiológico nos órgãos semelhante ao estradiol. E todos trazem efeitos colaterais.

A reposição diminui mortalidade geral e doenças cardiovasculares, mais do que as estatinas. A reposição diminui risco de diabetes, as estatinas podem aumentar risco de diabetes nas mulheres pós menopausa.

Bloqueadores de canal de cálcio para hipertensão (anlodipino e outros) DOBRAM o risco de câncer de mama, comparado a uma diminuição da combinação do estradiol + progesterona.

Bifosfonados para tratar osteoporose (alendronato e outros) podem causar necrose mandibular, fibrilação atrial e aumento na mortalidade cardiovascular.

Os antidepressivos só melhoram as ondas de calor em no máximo 50%, e são associados com aumento no risco de fraturas.

Então com essas informações você tem que decidir – será que vale a pena mesmo ter medo da reposição hormonal?

Esse medo e a incompreensão dos riscos e benefícios, com uma falta de conhecimento dos profissionais sobre o tema, levou a uma subutilização, sofrimento desnecessário e excesso de doenças crônicas e mortalidade nas mulheres menopausadas durante as últimas duas décadas.

Mas isso está mudando com a disseminação da informação que temos hoje em dia.

Nesse meu outro post – Reposição hormonal na menopausa – eu explico mais sobre a diferença entre os métodos de reposição, sempre para repor o Estradiol e a Progesterona fisiológicos, lógico.

Médico para reposição hormonal

Se você gostou do post, compartilhe com quem possa se beneficiar dessas informações, e se estiver decidida a fazer reposição hormonal clique abaixo no “Agende sua consulta” que entraremos em contato para marcar – presencial em Curitiba ou on-line para o resto do Brasil (e mundo… afinal já temos pacientes nos Estados Unidos, Australia, Irlanda, entre outros países).

 

Esse post foi baseado no artigo de revisão Hormone replacement therapy – where are we now?