Tudo que você precisa saber sobre Antidepressivos que causam ganho de peso

Ontem mesmo atendi um paciente que, com o início da pandemia, iniciou o uso de uma medicação antidepressiva. Em 1 ano, ganho de 10 kg. Coincidência? Talvez, ou não…

Você sabia que, nos Estados Unidos, nos últimos 30 dias, mais de 50% das pessoas tomaram alguma medicação com objetivo terapêutico?

Por mais que essa farmacoterapia tenha o objetivo de melhorar doenças, medicações estão associadas com uma grande variedade de efeitos colaterais, incluindo o ganho de peso.

E entre as principais medicações associadas ao ganho de peso estão as psiquiátricas – antipsicóticos e antidepressivos. Hoje vou contar para você a relação entre os antidepressivos e o ganho de peso, passando pelos mais usados no Brasil.

Os antidepressivos têm um potencial quanto ao ganho de peso menor, comparados aos antipsicóticos, mas são muito mais usados no dia a dia da população. Temos cinco classes – Tricíclicos, inibidores da monoaminooxidase (IMAO – mais antigos e menos utilizados, não vou entrar neles aqui), inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina, e os atípicos.

 

Antidepressivos tricíclicos e ganho de peso

Prescrita desde os anos de 1950, é a classe dos antidepressivos mais relacionada ao ganho de peso.

Dentro desta classe, temos:

Amitriptilina e ganho de peso

Estudos mostram um ganho variando de 0,4-7,3kg. É a medicação da classe que apresenta o maior ganho de peso!

Nortriptilina e ganho de peso

Ganho de 0,3-4,1kg de peso. Junto com a Amitriptilina, são as piores medicações da classe para quem quer emagrecer.

Imipramina e ganho de peso

Efeito menor – ganho de 0,6 a 1,8kg de peso.

Trazodona e ganho de peso

Tem o perfil mais favorável da classe. Variação do peso de -1,2 a +0,9kg. Ou seja, alguns estudos mostram até perda de peso!

 

ISRS e ganho de peso

Sem dúvidas, a classe de medicamentos mais utilizada para o tratamento de depressão e transtornos de ansiedade. Teoricamente, a ativação do receptor serotoninérgico ajudaria na perda de peso, por diminuir ansiedade e desejos alimentares. Mas na prática muitas das medicações acabam agindo em diferentes receptores, o que pode causar alterações no metabolismo, desejos e até mesmo compulsão. As medicações associadas ao ganho de peso são o Citalopram e a Paroxetina.

Citalopram e ganho de peso

Temos estudos associando o uso do Citalopram com um aumento do desejo por carboidratos. Se você toma essa medicação e não consegue ficar sem seu pão, macarronada e doces? Tome cuidado! O Citalopram chega a ser associado com ganhos de até 7,1kg no peso total.

Paroxetina e ganho de peso

Também muito associada ao ganho peso, possivelmente pela sua afinidade pelo receptor colinérgico. Ganho de até 1,7kg pela revisão que estou usando como base para escrever esse texto, mas outros estudos mostram ganhos muito maiores – com uma média de 3,6% do peso, ou 2,5kg em uma pessoa de 70kg.

Fluoxetina, Sertralina e Escitalopram

A Fluoxetina foi tradicionalmente prescrita como uma medicação que poderia tratar o transtorno depressivo ou ansioso ao mesmo tempo que ajudaria na perda de peso. Hoje, sabemos que a ação é pequena e mais proeminente no inicio do tratamento, com a tendencia do peso voltar ao normal ao longo dos meses.

Mesmo assim, essas medicações são mais seguras com relação ao peso e apresentam variações de mais ou menos 2kg no peso total, ou seja, ganhando ou perdendo.

Fluvoxamina

É a medicação associada com maior perda de peso dentro dessa classe, até 3,5kg. Mas também foi associada com aumento de até 1,7kg. Ou seja, não é uma ciência exata.

 

Inibidores da recaptação de Serotonina e Noradrenalina

Duloxetina, Desvenlafaxina e Venlafaxina

Essas medicações produzem um efeito mais neutro no peso, com estudos mostrando variações de cerca de +-1,5kg, para ganho ou perda.

 

Antidepressivos atípicos

Mirtazapina e ganho de peso

É uma das medicações mais relacionadas ao ganho de peso, pelo seu efeito colateral de aumento do apetite, devio a um efeito nos receptores histamínicos (H1) e serotoninérgicos (5HT2c), com ganhos médios de até 2,5kg.

 

Bupropiona

A Bupropiona funciona como um inibidor da recaptação de dopamina e de noradrenalina, e diferente das demais medicações, é associada com a PERDA DE PESO! Inclusive, associada com a Naltrexona, é aprovada pelo FDA para tratamento do sobrepeso e obesidade.

Tenho um post no meu blog sobre ela no emagrecimento, você pode saber mais sobre o uso da bupropiona na perda de peso e tratamento da obesidade aqui.

 

Concluindo

O ganho de peso induzido por medicações pode ser frustrante tanto para os pacientes como para os profissionais da saúde, e o aumento do uso de medicações na última década pode estar contribuindo para a epidemia de sobrepeso e obesidade no mundo.

Os principais antidepressivos associados ao ganho de peso são – Amitriptilina, Nortriptilina, Citalopram, Paroxetina e Mirtazapina. Em menor grau, a Imipramina.

Se você viu sua medicação aqui, associada ao ganho de peso, converse com seu médico! Transtorno Depressivo e Ansioso são doenças importantíssimas que devem ser tratadas e acompanhadas, mas não adianta resolver um problema e criar outro.

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Referência – Wharton S, Raiber L, Serodio KJ, Lee J, Christensen RA. Medications that cause weight gain and alternatives in Canada: a narrative review. Diabetes Metab Syndr Obes. 2018;11:427-438. Published 2018 Aug 21. doi:10.2147/DMSO.S171365