Reposição de Testosterona

Então você é um daqueles pacientes que vem envelhecendo, sente piora da sua disposição, sempre cansado, libido e desempenho sexual caindo… e resolve fazer o exame de Testosterona, certo?

Aí você pega o resultado, e olha aquele valor limítrofe…  dentro da referência, mas 250, 300, no máximo 350, longe do limite superior de 800! Aí vem a dúvida, repor esse hormônio ou não? Será que o valor laboratorial é mais importante que suas queixas?

Nesse post, eu vou te mostrar por que você não deve ter dúvidas sobre repor ou não seus níveis de Testosterona.

 

1. Melhora da disposição com Testosterona

Em um estudo realizado e publicado pelo New England Journal of Medicine, com 790 homens que apresentavam deficiência de testosterona e receberam uma reposição de testosterona em gel ou placebo, os homens que realizaram a reposição apresentaram uma melhora na pontuação do FACIT –  Functional Assessment of Chronic Illness Therapy, indicando melhora do cansaço; e também na escala de vitalidade do 36-Item Short-Form Health Survey (SF-36), indicando melhor vitalidade e disposição.

O estudo mostrou que a reposição de testosterona melhorou a vitalidade dos pacientes

 

2.Melhora do libido e desempenho sexual com Testosterona

No mesmo estudo publicado pelo NEJM, os homens que realizaram a reposição de testosterona apresentaram melhor pontuação no PDQ-Q4, aumento do desejo sexual pelo DISF-M-II, e melhora da ereção de acordo com o IIEF, questionários validados para avaliar desempenho e vontade sexual.

A reposição provocou uma mudança estatisticamente significativa no resultado dos pacientes quanto à melhora da atividade sexual

 

3.Ganho de massa muscular e perda de gordura corporal com Testosterona

Uma metanálise (o mais alto nível de evidência, reunindo vários estudos), com 1083 pessoas avaliadas, sendo que 625 foram randomizadas para o uso de Testosterona, mostrou como resultado que o tratamento proporcionou uma redução de 6,2%  da massa de gordura inicial, e aumento de 1,6kg (+2,7%) na massa magra.

Isso não é nenhuma surpresa – sabemos que a Testosterona induz hipertrofia no musculo esquelético por diferentes mecanismos, tanto pelo receptor androgênico como por caminhos independentes.

 

4.Menor risco de câncer de próstata grave com Testosterona

Em estudos (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26504040/ e https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22584031/) que avaliaram a dosagem de testosterona nos pacientes diagnosticados com câncer de próstata, percebeu-se que pacientes com níveis mais baixos de testosterona tem maior probabilidade de apresentar um câncer de próstata mais grave no momento do diagnostico e com pior prognóstico!

E, da mesma forma, a reposição de testosterona não aumentou a frequência de câncer de próstata, e tem até sido estudada em pacientes com o câncer em atividade.

 

5.Diminuição do risco de doenças cardiovasculares com Testosterona

Na 1ª década deste século, alguns estudos retrospectivos e triais randomizados sugeriram que a reposição de testosterona aumentaria o risco de doenças cardiovasculares, o que havia levado o FDA (a “Anvisa dos EUA”) a liberar uma declaração sobre os potenciais riscos cardiovasculares da Testosterona. Porém, NENHUM dos estudos publicados anteriormente eram projetados de maneira adequada para avaliar eventos cardiovasculares!

Vários estudos de coorte mostraram uma associação entre baixos níveis de testosterona e aumento do risco de doenças cardiovasculares, e no momento está sendo realizado um estudo para tirar todas as dúvidas com relação aos benefícios cardiovasculares da testosterona – o estudo TRAVERSE, um grande ensaio clinico que iniciou em 2018 e vai avaliar a reposição de testosterona em gel realizada por 5 anos e sua relação com efeitos cardiovasculares – mas, devido ao longo tempo, seus resultados devem ser publicados apenas perto do final da década. Enquanto isso, o que temos de evidencia?

Em um largo estudo com homens australianos de idade maior ou igual a 70 anos, seguidos por uma média de 3 anos e meio, homens com uma Testosterona menor que 337 ng/dL (valor dentro da referencia dos exames laboratoriais, mas próximo ao limite inferior!)  tiveram o DOBRO do risco de AVC, comparado aos homens com niveis normais de testosterona.

Um estudo composto por 2416 homens suecos de 69 a 81 anos mostrou que níveis de Testosterona MAIORES que 550ng/dL (maior quartil da referência) diminuiu em 30% o risco de um evento cardiovascular

Em 2011, uma meta-analise de 19 estudos prospectivos encontrou uma pequena associação entre maiores níveis de testosterona e menor risco de doenças cardiovasculares. Mas esse estudo não encontrou relação entre a testosterona e doenças cardiovasculares em homens menores que 70 anos, e pequenos benefícios em homens com mais de 70 anos.

Concluindo

E então, vale a pena ou não repor Testosterona? Se o paciente tem os sintomas e o nível não está como deveria, mesmo estando dentro da referência, a resposta é clara – faça a reposição!

Gostou do post? use os ícones abaixo para compartilhar, assim você ajuda a mim e a alguém que pode se beneficiar dessa informação, e se tiver interesse, clique abaixo e agende sua consulta!