SIBUTRAMINA

Essa é uma das medicações para perda de peso mais utilizadas no Brasil, já muito conhecida, porém associada a muitos mitos.

Como funciona essa medicação? Quais os riscos e efeitos colaterais? Ela emagrece mesmo? Depois que eu parar de tomar vou ganhar o peso que perdi? Hoje vou falar tudo que você precisa saber sobre a Sibutramina!

O que é a Sibutramina?

A sibutramina é uma medicação inibidora de apetite, que funciona como um inibidor da recaptação de monoaminas (neurotransmissores), reduzindo a recaptação de noradrenalina (em ~73%), serotonina (~54%) e dopamina (~16%). Assim, aumenta o nível desses neurotransmissores na fenda sináptica e aumenta suas ações.

Como funciona a sibutramina?

Aumentando a disponibilidade desses neurotransmissores na fenda sináptica, a sibutramina:

Diminui a fome pela Noradrenalina, diminuindo o desejo ou urgência do alimento

– Aumenta a saciedade (o tempo de satisfação entre as refeições) e a saciação (tempo entre iniciar a refeição e você se sentir satisfeito) pela Serotonina

– Tem efeito termogênico (acelera o metabolismo), tanto pela noradrenalina, como por ativar o sistema nervoso simpático, aumentando a adrenalina e também estimulando a termogênese no tecido adiposo marrom.

 

Quando usar a sibutramina?

Pela Diretriz publicada pela Associação Médica Brasileira (AMB), Obesidade e Sobrepeso: Tratamento Farmacológico, em 24 de novembro de 2010, o uso de uma medicação para tratamento da obesidade e sobrepeso está indicado para pacientes que tiveram falha do tratamento clínico, com dieta e atividade física, e possuem:

– IMC igual ou superior a 30kg/m²;
– IMC igual ou superior a 25kg/m² associado a outro fator de risco, como hipertensão arterial, DM tipo 2, apneia do sono, dislipidemia, osteoartrose, entre outras doenças;
– ou circunferência abdominal maior ou igual a 102cm (homens) e 88cm (mulheres).

Você mesmo pode calcular seu IMC usando seu peso(em kg)/altura²(em metros). Lembrando que essa não é a melhor forma de avaliar o paciente pois não vai separar o peso em gordura e massa muscular – e talvez você precise da medicação mesmo com um IMC menor! Na minha consulta, pela avaliação com a bioimpedância, conseguimos saber seu percentual de gordura – um valor muito mais importante para sua saúde, assim conseguimos utilizar medicações com maior precisão.

Seguindo esses critérios, teríamos a indicação de usar uma medicação para te ajudar na perda de peso. E quando escolher a Sibutramina?

Primeiro, precisamos saber se você não tem nenhuma das contraindicações descritas.

Segundo, correlacionamos sua história clínica para sabermos se o efeito da medicação é aquele do qual você precisa.

“Ah, é um remédio para perder peso, funciona para todo mundo igual!”

NÃO, aí está um dos maiores erros de quem utiliza a sibutramina. Cada uma das medicações inibidoras de apetite funciona de uma maneira específica e tem sua indicação.

É assim que eu consigo grandes resultados para os mais de 1000 pacientes que me procuraram com o objetivo de emagrecer.

Então, precisamos saber principalmente se você:

-Tem o metabolismo lento e gasta poucas calorias (por ex. devido a pouca massa muscular, que vemos na bioimpedância, ou por algo na história que te impede de realizar atividade física)

-Sente fome em excesso (desejo ou necessidade urgente de alimento)

-Sente pouca saciedade (quando você come e pouco tempo depois sente fome) ou saciação (tempo entre iniciar a refeição e se sentir satisfeito)

-Preenche critérios para transtorno de compulsão alimentar (para esse transtorno específico, a sibutramina não é a única nem melhor opção, mas ajuda)

Correlacionando essas informações com sua história clínica, seu médico vai lhe prescrever a medicação mais adequada!

 

Sibutramina emagrece?

Revisando a literatura sobre a sibutramina para emagrecer, a resposta é clara: com certeza!

Neste estudo com pacientes obesos, a perda média foi de 8kg.

Em mulheres com sobrepeso ou obesidade e síndrome dos ovários policísticos, menos 15% do peso após 6 meses de tratamento.

Em pacientes com sobrepeso ou obesidade e dislipidemia (alteração do colesterol), perda de 5 kg.

Esses são apenas alguns dos resultados com o uso de sibutramina.

Mas a “mágica” acontece mesmo quando combinamos o uso bem indicado de medicação com uma dieta bem planejada, atividade física e reposição hormonal (quase todos pacientes com sobrepeso ou obesidade acabam necessitando de algum ajuste hormonal!)

Aí sim você consegue ver a gordura “derreter”.

 

Sibutramina é perigoso?

Um dos maiores preconceitos com relação a sibutramina é quanto ao risco de doenças cardiovasculares. De onde vem isso e será que é algo mesmo tão preocupante?

O estudo SCOUT (Sibutramine Cardiovascular Outcomes Trial) foi um grande estudo multicêntrico, randomizado, placebo-controlado, desenhado para avaliar os efeitos do uso de sibutramina em longo prazo na incidência de eventos cardiovasculares e morte cardiovascular em indivíduos de muito alto risco. Os resultados finais mostraram um aumento de 16% do risco de desfechos cardiovasculares não fatais combinados no grupo sibutramina em relação ao grupo placebo (11,4% versus 10,0%, respectivamente) sem aumento na mortalidade, à custa do grupo com concomitante diabetes e doença arterial coronariana, mas não nos diabéticos sem doença coronariana nem nos diabéticos com um fator de risco cardiovascular.

Ou seja, em pacientes com doença cardiovascular já estabelecida, tivemos um pequeno aumento no risco de eventos cardiovasculares, mas sem aumento na mortalidade. A sibutramina não deve ser usada nesse grupo!

Mas e nos pacientes sem doença cardiovascular estabelecida? Esse estudo comprovou a segurança da sibutramina. E não só isso.

Estudos de análise de subgrupos posteriores demonstraram redução do risco nos pacientes que perderam peso durante o estudo SCOUT.

Esse estudo levou precocemente à proibição da sibutramina na Europa, generalizando os resultados dessa população de altíssimo risco (quase todos com contraindicação em bula e que usaram a droga independentemente de estar ou não perdendo peso) para o restante da população obesa.

No Brasil, a ANVISA não proibiu a sibutramina, uma vez que ela é segura na população sem doença cardiovascular estabelecida.

Sendo assim, a sibutramina não deve ser usada em pacientes com:

– Doença cardiovascular estabelecida (aí entram as mais variadas, incluindo hipertensão arterial não controlada)

– Histórico de transtornos alimentares, como anorexia ou bulimia

– Transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade não controlada ou transtorno bipolar

– Que estejam utilizados medicações que alterem os seus neurotransmissores e possam interagir com a sibutramina (consulte o seu médico!)

– Pacientes com mais de 65 anos, crianças, adolescentes e gestantes não devem usar a sibutramina.

Essas são as principais contra-indicações. Inclusive sua pressão arterial deve monitorada durante o tratamento!

 

Como tomar Sibutramina

Sendo bem indicado e o paciente não tendo contra-indicações, podemos utilizar a Sibutramina. Em geral, começamos com a dose de 10mg uma vez ao dia, podendo ser aumentado para 15mg.

O uso é feito pela manhã, para evitar efeitos colaterais no sono.

 

Conclusão sobre a Sibutramina

Então, sibutramina funciona? Funciona, e muito! Mais deve ser usado em pacientes com a indicação adequada, pois se não pode levar a riscos cardiovasculares e mentais, piorando a saúde geral do paciente!

Tanto a indicação, início do tratamento, supervisão e suspensão da medicação, devem ser feitos com ACOMPANHAMENTO MÉDICO! Muitos pacientes ganham novamente o peso perdido, por largarem o acompanhamento, falta de mudança de estilo de vida, alimentação, atividade física e ajustes hormonais. Corrija esses pontos!

Gostou do post? Utilize os ícones abaixo para compartilhar o post e ajudar alguém que pode se beneficiar, e se desejar clique abaixo para agendar uma consulta!